Sobre o 1º Congresso Internacional de Arqueologia da África
O 1 Congresso Internacional de Arqueologia da África pretende ser um marco para a arqueologia em língua portuguesa, dando oportunidade de fato para uma discussão sobre a importância da arqueologia africana. Este evento será o primeiro congresso de arqueologia africana realizado a partir de uma instituição pública brasileira. Esperamos que o ineditismo da temática, associado em sermos o segundo país com o maior número de população negra do mundo, tenha como resultado uma grande participação do público. Este terá a oportunidade de conhecer esta área ainda sem expressão na pesquisa brasileira, mas com muita relevância, pois sabemos que na maioria das populações ágrafas, a arqueologia é a principal disciplina científica para se conhecer a história e cultura.
Os vídeos produzidos ficarão como legado para a comunidade científica brasileira e mundial, permitindo que um maior número de pessoas tenham acesso a informações de qualidade e referência na internet, combatendo tanta desinformação que existe em fake news e teorias conspiratórias. As apresentações realizarão um balanço sobre o “Estado da Arte” da arqueologia africana, trazendo informações relevantes sobre todo o continente de uma forma abrangente. Acreditamos que estas apresentações generalistas permitam que o público perceba os diferentes contextos históricos e as perspectivas das culturas humanas na África. Paralelo ao material audiovisual, teremos também uma publicação oriunda do evento, em formato de anais, apresentando as temáticas abordadas, debates bibliográficos e referências teóricas e metodológicas.
Este será a primeira publicação do gênero em português atualizada, pois os trabalhos que existem até então são traduções de pesquisas de mais de 30 anos, ou dossiês temáticos que não trazem uma visão generalista sobre a arqueologia africana. Esperamos que com o recurso das traduções tenhamos uma tão importante integração entre os pesquisadores de língua portuguesa com seus pares de línguas inglesa e francesa, situação hoje ainda muito limitada, e também que o público conheça o trabalho feito a partir de pesquisadores africanos, que são geralmente marginalizados em grandes publicações por estarem afastados dos centros de pesquisa do norte global.
Esperamos com este evento selar a tão importante e necessária parceria entre pesquisadores brasileiros, em especial da região amazônica, com seus pares da África tropical. A pesquisa arqueológica mundial geralmente se concentra em ambientes sub-tropicais, tratando, mesmo que isto venha se alterando, as regiões tropicais como incapazes de sustentar sociedades complexas. As pesquisas arqueológicas na amazônia nos últimos 20 anos vieram provar a imensa riqueza e diversidade cultural existente, que conseguiu prosperar com valores e perspectivas distintas de outras regiões do mundo.
Foi necessário pesquisa de ponta e continuada para se desfazer perspectivas teóricas errôneas, feitas para outras zonas do mundo, e aplicadas de forma equivocada em regiões tropicais. Hoje podemos afirmar que a arqueologia amazônica é referência mundial nos debates sobre sociedade complexas, desenvolvimento cultural e manejo ambiental. Na África temos um contexto ambiental muito semelhante, com pesquisas importantes sobre esta temática, que ainda não se comunicam com nossos pesquisadores. Assim, almejamos como resultado o início de parcerias para tratarmos temas tão relevantes sobre a natureza da ocupação humana em regiões tropicais. Este Congresso parte de uma perspectiva internacional sobre a produção de conhecimentos. São raros os materiais produzidos em língua portuguesa sobre a arqueologia africana.
Este evento vai ter um grande impacto internacional para estudantes e o público em geral falante de português que vive no Brasil, nos PALOPs (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) e em Portugal. Além disso, falantes de inglês e francês ao redor do mundo poderão acessar o que está sendo produzido nos PALOPs. (situação po específica na arqueologia - criticar a falta de financiamento para as pesquisas ). Esse evento permitirá a continuidade, notadamente por meio da divulgação de textos produzidos pelas principais referências sobre a arqueologia africana livre de estereótipos. Isso terá um impacto no conhecimento da população brasileira sobre a história antiga da África e na promoção da superação das discriminações raciais no país em relação à população afrodescendente.
Duração das atividades do evento:
Buscando ter informações concisas, e permitir a participação de um maior número de palestrantes, decidimos limitar as apresentações a vídeos de 15 minutos cada. Assim, no total, teremos 6 horas e 30 minutos de apresentações dos arqueólogos, divididas em dois turnos, a tarde do dia 20/09 e na manhã do dia 21/09. Além disto, está prevista uma conferência de abertura com a duração de 35 minutos, além de declarações de autoridades e representantes da organização. No encerramento, também teremos uma fala de 35 minutos, e a fala de conclusão da organização. Estamos, ainda, planejando a exibição de uma reportagem sobre arqueologia da África, com posterior debate para a noite do dia 20. Os convidados do evento terão que enviar os vídeos até 45 dias do evento, para possibilitar tempo hábil para a tradução e legendagem. Junto ao vídeo, devem também os seus resumos expandidos que serão também traduzidos para compor os anais do evento.
Tradução:
O trabalho de tradução e inserção das legendas será realizado por pessoa jurídica de terceiros, especializada neste ramo. A equipe organizadora estará acompanhando todo o processo, conferindo a qualidade das traduções, e opinando sobre a posição da legenda e a fonte a ser utilizada. O trabalho de legenda será em três idiomas (os mais falados em África), português, inglês e francês. Os vídeos que estiverem em idioma portugues serão traduzidos e colocados legendas em inglês e francês. Os vídeos que estiverem em francês, ou inglês, serão traduzidos, e colocadas legendas em português.
Equidade de gênero
Uma das nossas metas é buscar apresentar de forma equitativa pesquisadores homens e mulheres, se atentando que atualmente existe um grande desequilíbrio no número de citações e da presença feminina em instituições de pesquisas africanas.
Pesquisa em África por Africanos
Privilegiamos abrir espaço para pesquisadores/as africanos/as que atuam em seus países, e hoje encontram inúmeras dificuldades decorrentes de problemas econômicos que assolam o sul global.